quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Do que não foi...

Ao assistir uma reportagem que falava sobre a amizade e respeito que existe entre os irmãos Sandy e Júnior, confesso que senti uma pitadinha de frustração, e foi assim que nasceu este texto.

Eu não pude acompanhar seu crescimento na barriga de sua mãe e nem fora dela. Não estava na recepção do hospital, ansiosa pelo seu nascimento, não tive ciúme de você dentro do berço recebendo toda atenção que um bebê precisa. Não vi seus primeiros passos, sorrisos, também não ouvi suas primeiras palavras, nem torci por você em seu primeiro campeonato.

Não tive a possibilidade de ouvir seus segredos e nem de compartilhar os meus, pois nunca houve entre nós um relacionamento de confiança que tornasse isso possível.

Mesmo assim, passei uma vida inteira desejando que você existisse. E você existia! Longe de mim é verdade, numa outra família e o sangue de nosso pai era o único elo existente entre nós.

Nossa criação foi muito diferente, por isso nos tornamos pessoas diferentes também. Infelizmente como água e óleo.

A distância entre os Estados em que residíamos e nossa história de vida, ajudaram a manter de pé um muro entre nós. Até tentei escalá-lo depois que tardiamente nos conhecemos, mas desisti quando percebi que teria que fazê-lo sozinha.

Se eu pudesse ter participado do seu crescimento, certamente teria comprado algumas brigas. Teria lhe ensinado que jóias são importantes e realmente te deixam mais bonita, mas que confiança, sinceridade, amizade, amor e respeito são muito mais valiosos do que qualquer jóia.

Teria te levado para passear em parques de diversões e lhe mostrado que os sorrisos mais bonitos são aqueles que vem de dentro, de graça, sem motivo aparente e não apenas os despertados por um carro novo importado na garagem, ou viagens ao exterior.

Talvez em alguns momentos eu puxaria sua orelha e você certamente ficaria emburrada. Mas sendo mais velha e te amando, seria meu dever te mostrar que as pessoas não são descartáveis, e que amizades e amores não devem ser vistos apenas como números ou possibilidades.

Se tivessem nos proporcionado a possibilidade de viver como irmãs, certamente ambas seríamos diferentes do quem somos hoje. Mas não aconteceu, por isso ainda que longe, desejo que a vida seja boa com você e que o aprendizado seja o menos doloroso possível.

3 comentários:

  1. Nossa, que bonito, flor. Fiquei emocionada.
    Transborda amor, transborda vontade de compartilhar vida, experiências, aprendizados.

    Transborda uma fraternidade até mais forte do que a existente entre atntos irmãos que convivem de perto.

    Lindo demais, de verdade.

    Desculpa minha ausência por aqui, mas não pense que é pessoal... tenho escrito pouco e não tenho visitado meus blogs preferidos. A vida tem andado num ritmo tão lento, que até me desanima.

    Mas eu sei que tudo vai melhorar. Mas eu gosto demais daqui, você sabe.

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  2. Sabe que sua opinião sobre minhas mal traçadas linhas é muito importante.

    Este texto realmente transborda muita coisa. Além de tudo que você já escreveu, também transborda histórias de desencontros e conflitos. Mas vou deixar para quem sabe um dia te contar tudo pessoalmente... rs

    Não precisa pedir desculpas flor, se há uma coisa que eu entendo bem como funciona é o desanimo. Mesmo assim sinto falta dos seus comentários tão queridos.

    Beijoca, torço para que fique melhor e obrigada por vir.

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  3. Ow flor, obrigada!

    Olha, vim aqui te fazer um convite. Me manda teu e-mail, é melhor falar por lá. O meu é t.rmiranda@yahoo.com.br

    Beijocas!

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Manda ver no comentário e obrigada pela visita!