segunda-feira, 5 de julho de 2010

Cabe a mim "desinventar"

Engraçado como escrever sobre minhas dores, frustrações e perdas, tornou-se tão mais fácil do que traduzir em palavras a minha felicidade. Por que será?

Alguns dos grandes poetas, como por exemplo meu querido e solitário Fernando Pessoa foram sofredores natos, carregavam entre poemas e poesias, desamores eternizados em palavras. Dizem que ele amou Ophélia Queiroz, não sei não. Ao assistir um documentário sobre Pessoa, algumas dúvidas apareceram, mas melhor deixá-las pra lá (rs)... seus textos são carregados de pensamentos, vivências, dores e a mais profunda solidão.

O sofrer não é mais intenso do que a felicidade, mas sim muito mais perceptível e mais duradouro também. A dor incomoda, as feridas demoram para cicatrizar, desencadeando diversos tipos de sentimentos e reações. Escrever é um alívio, externar o que nos faz mal é uma válvula de escape muito funcional.

Já a felicidade nos trás bem estar, nos torna leves, cria por alguns instantes uma sensação de que tudo vai muito bem obrigada, até que algo acontece... uma saudadezinha começa a incomodar, uma lembrança nos remete a situações mal resolvidas, enfim... a felicidade é composta por momentos perfeitos, que envolve pessoas imperfeitas, por isso uma hora acaba.

Como já contei aqui, hoje estou bem, a vida está caminhando com algumas mudanças, mas tudo está em seu lugar.

Algumas perguntas continuam ecoando aqui dentro, a maioria com respostas óbvias que machucam pra caramba, outras sem a menor explicação. Mas na verdade não sei se ainda quero estas respostas e as explicações, pois não vai mudar nada saber os motivos porque tudo aconteceu.

Sempre que escutava a música "Pai" cantada por Fábio Junior, caía no choro... ela sempre mexeu muito comigo e hoje sei o porquê. Idealizei uma pessoa que nunca existiu, criei um personagem que me valorizava, mas que era distante por falta de tempo. Dei a este personagem a consciência de minhas qualidades e em minha fantasia ele as reconheceu, depositei nele a idéia de que se orgulhava de mim... até que há pouco tempo em terapia, depois de algumas decepções e de ligar alguns pontinhos, descobri que durante trinta anos, eu fiz questão de me enganar. Foi mais fácil assim... descobri que meu personagem esteve presente por questões morais e não tanto por questões sentimentais. Também por questões morais, ou como uma forma de “recompensar sua ausência”, assumiu pra si alguns compromissos, destes não posso falar nada pois sempre cumpriu e continua cumprindo.

O intuito não é falar mau do meu personagem, eu o inventei e cabe a mim “desinventar”... é o que estou fazendo.

Segue abaixo o video com um texto lindo antecipando a música que citei acima. O mais engraçado é que há muitos anos atrás, entreguei este cd do Fábio, acompanhado de uma cartinha para esta pessoa, mas ele não entendeu que a música estava falando por mim... já o cd que entreguei com tanto carinho, como tudo que fiz para ou por ele, deve ter ficado esquecido em algum canto juntando pó, assim como eu também fiquei.

Um comentário:

  1. *abraça aperta afofa*

    e viva o deus tempo, que tudo arruma, apaga e cura... tudo passa e tudo muda.

    esperemos o melhor :)

    um beijo, flor

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