Lembra quando eu te falei, em nossas primeiras conversas, que
minha boca era ligada ao cérebro? Que eu pensava e logo falava, sem travas na
língua? Pois é, com meu coração não é diferente... sinto tudo o que penso e
tudo vem de uma maneira muito intensa, quase violenta contra meu peito.
Sou escorpiana, daquela meio perfeccionista, que adora um
elogio fora de hora, mas também sei que sou
chatinha, ciumenta e briguenta.
Aprendi desde bem pequena a defender meu ponto de vista.
Cresci descobrindo os caminhos certos para conquistar tudo o que sempre quis,
mas como bem disse nosso poeta Renato Russo, eu também “só não aprendi a
perder.”
Carrego comigo uma vontade insaciável de fazer o bem às
pessoas que amo. Tenho uma mania incorrigível de mergulhar de cabeça em tudo
que me proponho a fazer, nos relacionamentos que decido viver, nos sorrisos que
busco ganhar, nos corações que quero amar.
O problema é quando mergulho no raso ou quando a maré está
baixa, eu não deveria me arriscar a
nadar, mesmo assim o faço e acabo por me machucar nas pedras...
Talvez eu devesse falar menos, ficar quieta, quem sabe só
escutar... mas não consigo! Como não falar da cor dos teus olhos? Como esquecer sua boca
e a possibilidade de te chamar de meu? Como viver sem o balanço bom de quando
nos beijamos? Como abandonar seu cheiro e sua carinha de safado que eu tanto
amo? Como deixar pra trás os planos e sonhos ainda em formação, as conquistas e
a família que podíamos ter um dia? Como? Me diz vai.
Estamos aqui no meu quarto, eu e Adele... Já te contei que a
voz dela é menos doce do que a sua? Acho que também esqueci, de te dizer que
seu corpo completa o meu, sem faltas e nem arestas. E me esqueci de te contar
que me reconheço em você, em nossas conversas e risadas.
Acho que este é o grande problema da humanidade! Esquecemos
de dizer enquanto há tempo, tudo o que realmente importa. Quando nos damos
conta já é tarde, acabou e pode não ter mais volta! Em compensação, não
perdermos um segundo para magoar, apontar o dedo, ser egoísta e de uma maneira
verborrágica, vomitar no outro o que não tem valor nenhum.
É nessa busca incessante entre devaneios, amores e dores que
vou aprendendo... tomara que ainda haja
tempo, para ser feliz.