segunda-feira, 30 de julho de 2012

Ausência...


Dois meses se passaram...

Ainda me lembro dos teus olhos tão desconhecidos... sim, desconhecidos, pois mesmo sabendo que aqueles olhos que estavam ali, eram os mesmos que me viram crescer, naquele momento, pareciam desconhecidos pra mim. Faltava a doçura, a firmeza e a alegria que sempre estiveram neles.
Me lembro da sua respiração, das preces, de cada suspiro, do passeio com a enorme poltrona pelos corredores do hospital, dos desejos e vontades quase infantis quando dizia: “Quero Yakult!” “Quero sorvete de limão.” “Vira minha cama para que eu possa ver a serra pela janela.”
Me lembro do cuidado, das broncas,  do zelo, da preocupação, do medo, da esperança e principalmente de sua fé.
Me lembro do amor e admiração nos olhos de cada um que estiveram ali com você.
Me lembro de repetir na última vez que conversamos, cada palavra de gratidão que sempre falei no decorrer de nossas vidas, de olhar nos teus olhos e dizer o quanto você foi importante para que eu me tornasse uma pessoa feliz.
Me lembro da última frase que disse para mim antes da sedação, “não se preocupe, o tio não vai morrer, só vai dormir um pouco e descansar.”
Me lembro do telefone tocando de madrugada e do frio no estômago. Dia 28 de maio de 2012, às 04h15 da manhã, foi embora uma parte gigantesca do meu coração.
Dali por diante, eu tinha que ser forte como você sempre foi e nos ensinou isso. Me lembro da sala branca e fria, da roupa que deixei lá e de todos os detalhes (momento onde tudo foi muito racional).
Me lembro das flores que não paravam de chegar e da multidão de pessoas que foram se despedir e dizer obrigado. Sim, cada um ali tinha algo para lhe agradecer.
Depois que tudo acabou não houve um só dia de alegria plena, não houve uma só noite sem que seus olhos desconhecidos deixassem de voltar em minha lembrança... e a ausência? Ah, ausência! Essa sim é companheira constante, aperta meu peito, enche a garganta de nós, os olhos de lágrimas e pesa meu coração.
O jeito de matar um pouco a saudade é assistir vídeos antigos, é buscar na memória particularidades nossas, é relembrar a bondade, o companheirismo, os apertões no nariz e o seu sorriso lindo, e debochado.
 O jeito para aliviar o coração, é elevar uma prece a Deus e agradecer por Ele ter colocado você num lugar tão especial, e importante em minha vida.

Saudades de você meu tio, saudades de você meu pai.

2 comentários:

  1. Oi cinthia, me emocionei muito com seu post, realmente a perda dói. Com o passar do tempo ela vai sendo tratada, cauterizada, mas a ausência , as lembranças, essas ficam até a eternidade. Saudade dói né? Parece que nosso coração sangra, sinto muito pela sua perda. Que Deus te abençoe e te ajude com essa falta de alguém tão especial. Beijos.
    Www.a-meninadosolhosdedeus.blogspot.com

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