Há quem viva num mundo sem graça, onde o amor vira posse... lá, alguns sentimentos se perdem na necessidade de ter o outro para si. Como se fosse possível ter alguém nessa vida.
Deixei minha inspiração em alguma gaveta aqui dentro, agora que estou precisando dela para escrever, não consigo encontrá-la. Mesmo sem inspiração vamos aos fatos:
Ontem, enquanto eu aguardava para fazer a radio, uma senhora com mais ou menos cinquenta e sete anos puxou conversa comigo. Primeiro falamos sobre o noticiário da tv, depois ela me perguntou o motivo de eu estar ali (já me acostumei com a curiosidade deles, afinal, sou a mais novinha na sala de espera... rs), quando terminei de responder sua pergunta, ela logo disse: "eu também tive câncer na mama esquerda e me curei, depois apareceu no fêmur, me tratei e fiquei boa novamente, agora estou tratando de um que apareceu na coluna."
Perguntei se havia algum caso de câncer em sua família, ela balançou a cabeça indicando não. Logo após a resposta silenciosa, parou com o olhar fixo para o chão, quando levantou a cabeça me olhou e disse: "o médico me perguntou se eu havia passado por alguma emoção muito forte", novamente voltou seus olhos para baixo e ficou em silêncio por alguns segundos... "um ano antes da doença se manifestar, eu perdi meu filho de vinte anos com bala perdida... perdi minha cunhada, filho e um sobrinho de três anos num período curto de seis meses ."
Naquele momento, eu queria tanto que a Stella (minha amiga e a melhor psicóloga do mundo) estivesse ali ao meu lado para dizer todas aquelas coisas que só ela sabe. Eu apenas consegui olhar em seus olhos azuis feito o céu e dizer que sentia muito por suas perdas.
"A vida é assim mesmo, depois de um tempo a dor ameniza". Depois de dizer esta frase, ela sorriu e entrou para sua sessão de radioterapia.
A dor pode até amenizar, mas o corpo sente tanto quanto a alma. É por isso que tem tanta gente com câncer e outras doenças no mundo.
Estou em casa assistindo ao dvd Multishow Anos 80 ao vivo... que saudade! Saudades de um tempo onde a música era um dos veículos para falar de insatisfações, protestos, sonhos, amores, fantasias, tabús, desamores, diferenças sociais e política.
Me desculpem os mais novos, mas a infância 80 e adolescência 90 foram de um tempo e de uma geração privilegiada, que mandava seu recado e falava através da arte, influenciando de maneira positiva a grande massa.
Tenho 31 anos e sou muito feliz por pertencer a esta época!
A cada sessão de radioterapia, enquanto aguardo na sala de espera, vivencio uma nova experiência.
Hoje conversei com uma senhora de sessenta e cinco anos, ela me disse que há dois meses retirou um tumor maligno da cabeça, me contou que depois da cirurgia, quando voltou da anestesia, já estava na UTI e não sentia o lado direito do corpo. Ela ficou muito triste, pois os médicos disseram que não havia previsão para este sintoma passar. Eles sequer poderiam afirmar que iria passar, pois poderia ser uma sequela da cirurgia delicada, da qual ela foi submetida.
Depois de ouvir isso meu coração ficou apertadinho, mas ela me olhou com seus olhinhos meigos, me mostrou sua mão e disse "olha, minha mão está um pouco inchada ainda, mas já estou sentindo meu lado direito, a sensibilidade voltou totalmente! Os médicos não sabiam, mas Deus é quem sabe de todas as coisas."
Depois de me contar a boa notícia e aliviar meu coração, a senhora me presenteou com um sorriso largo, lindo e cheio de satisfação, segurou minha mão e afirmou "Deus é maior do que tudo nesta vida, maior do que tudo."
Hoje eu vi uma criança carequinha na clínica onde faço radioterapia. Desde que tudo isso começou em minha vida, foi a primeira vez que encontrei alguém com tão pouca idade enfrentando o câncer.
Ele corria pelos corredores como se nada estivesse acontecendo, olhava de canto de olho para ter certeza de que tinha a minha atenção, depois sorria envergonhado e voltava a brincar, como se estivesse vivendo uma aventura. Passado alguns minutos ele sumiu e não voltou, mas deixou por ali seu jeitinho de olhar e o sorriso tão raro de se ver no rosto dos pacientes oncológicos daquela clínica.
Quando percebi, meus olhos estavam molhados e meu coração desejando que tudo desse certo para o pequeno e sua família.
Minha vontade logo que o vi foi de pegá-lo no colo, abraçá-lo e dizer a ele que tudo ficará bem, mas depois de ver toda aquela alegria, entendi que ele não carregava nenhuma dúvida quanto a isso.
Baseada em algumas coisas que vi, estou tentando entender o que se passa na cabeça das pessoas... vou tentar desenvolver aqui uma linha de raciocínio, partindo do princípio de que todos nós podemos e devemos mudar de opinião, e amadurecer com as experiências que a vida nos trás. Aliás, se prestarem atenção na apresentação, este blog foi criado para falar disso.
Ok, mudanças são necessárias, quanto a isso concordo plenamente. Mas como coisas que outrora pareciam ser tão resolvidas no indivíduo, mudam de uma hora para outra? Tá meio confuso... vou tentar explicar com alguns exemplos:
Uma pessoa que conheceu a verdade sobre a história de Cristo e viveu experiências com esta verdade, em minha opinião, dificilmente será ateu. Por mais que ela possa se revoltar com Deus por algum motivo, pela perda de alguém querido, ela viverá seu luto e pode até se afastar de Deus, mas não acredito que deixará de acreditar que ele existe... até mesmo porque, a própria revolta contra Deus é acreditar que ele está lá em algum lugar.
O cara que é de esquerda, que conhece a história política deste país, que sabe e respeita a ideologia e o sangue derramado pelos militantes que lutaram por um "país livre" em tempos de ditadura, dificilmente será de direita... a não ser, que a mudança ocorra por interesses pessoais.
Eu sou corinthiana, sofredora, que escuto piadinhas por nunca ter comemorado uma Libertadores, já sofri quando o meu time caiu para a segunda divisão, mas jamais conseguiria torcer para qualquer outro time mesmo que o meu caisse para a "vigésima" divisão, entende?
Então, fica aqui a pergunta. O que leva pessoas cheias de opiniões e verdades a mudar de idéia em relação a coisas tão particulares?
Eu até tenho algumas possíveis respostas... tipo, a convivência com um outro que pensa de forma diferente pode contribuir para a mudança de opinião. Pode ser também, que aquela verdade outrora defendida nunca existiu de fato; ou então, casos extremos de perdas ou interesses pessoais. Não sei...
Com os problemas sendo resolvidos, a vida continua. Ontem percebi que a idade que tenho continua também... rs
Ontem fui prestigiar a comemoração do aniversário de uma amiga em uma balada, ao entrar no local a música quase me deixou surda (rs)! Britney Spears era o carro chefe da casa, jovens entre dezoito e vinte anos, dançavam coreografias esquisitas e sentiam-se livres para fazer movimentos depravados em seus namoradinhos no meio de todo mundo. Fiquei pensando, será que um dia terei um filho? Será que ele será assim? Confesso que bateu um pânico! rs
Graças a minha cabeça pensante, resolvi o problema causado pelo DJ que certamente pensava que éramos surdos, coloquei e distribui bolinhas de guardanapo para os ouvidos, após três horas e meia deixei a aniversariante e sua festa. =/
Descobri que não tenho mais paciência para baladas... prefiro um barzinho, amigos e uma boa música ao vivo... constatei que, é fato, meus trinta e um anos, estão falando mais alto, estou ficando velha... rs
Mas de toda forma foi bom sair, ver o que está rolando com a garotada de hoje, ver como os costumes estão diferentes de quando eu tinha a idade deles. Só me pareceu tudo muito solto, desgovernado e saindo dos trilhos, pode ter sido apenas a impressão de alguém que já passou desta fase faz tempo, vai saber... rs
Esse foi apenas um texto cheio de opiniões sobre a noite de ontem, mas valeu e sempre valerá a penas prestigiar pessoas queridas.
“(...) é assim que, agora, aquele longo período de doença me aparece: sinto como se, nele, eu tivesse descoberto de novo a vida, descobrindo a mim mesmo, inclusive. Provei todas as coisas boas, mesmo as pequenas, de uma forma como os outros não as provam com facilidade. E transformei, então, minha vontade de saúde e de viver numa filosofia.” (Nietzsche)
“A saúde emburrece os sentidos. A doença faz os sentidos ressuscitarem.” (Rubem Alves)
quarta-feira, 6 de abril de 2011
O pior de tudo é sentir a ausência das coisas que roubei de mim.