quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Minha morada

Natalie Goldberg em seu livro “Escrevendo com a Alma”, diz que “Tentamos ser sãos enquanto escrevemos nossos poemas e contos”, diz também que “a consciência leva um certo tempo para filtrar as experiências”. Afirma ainda, que precisamos ter o distanciamento necessário para conseguir escrever sobre determinadas experiências.

Pensando nisso, reli alguns dos meus textos e me assustei com o quanto há de sanidade e passado neles.

É incrível como apenas conseguimos formar uma opinião sensata sobre o que vivemos, quando já faz parte de um passado longínquo e nem sempre saudoso.

Só posso concordar com Natalie... depois de vinte e poucos anos, após me distanciar de muitas vivências e experiências dolorosas, foi que consegui perceber o quanto fiz questão de me enganar com algumas pessoas e situações.

Este blog nasceu da necessidade de me fazer transparente aos que insistiam em não me enxergar como sou e com ele criei uma voz que alcançou os ouvidos tampados. Foi aqui que pude por pra fora tudo que guardei durante tantos anos de minha vida.

Hoje meu blog é uma morada boa, mistura de textos sãos e ideias loucas, cheias de liberdade.

"Hoje sou assim"... uma pessoa melhor, liberta e feliz.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

"Ostra feliz não faz pérola"

“Ostras são moluscos, animais sem esqueleto, macias, que são as delícias dos gastrônomos. Podem ser comidas cruas, com pingos de limão, com arroz, paellas, sopas. Sem defesas – são animais mansos – seriam uma presa fácil dos predadores. Para que isso não acontecesse a sua sabedoria as ensinou a fazer casas, conchas duras, dentro das quais vivem. Pois havia num fundo de mar uma colônia de ostras, muitas ostras. Eram ostras felizes. Sabia-se que eram ostra felizes porque de dentro de suas conchas saía uma delicada melodia, música aquática, como se fosse um canto gregoriano, todas cantando a mesma música. Com uma exceção: de uma ostra solitária que fazia um solo solitário. Diferente da alegre música aquática, ela cantava um canto muito triste. As ostra felizes se riam dela e diziam: “Ela não sai da sua depressão...” Não era depressão. Era dor. Pois um grão de areia havia entrado dentro da sua carne e doía, doía, doía. E ela não tinha jeito de se livrar dele, do grão de areia. Mas era possível livrar-se da dor. O seu corpo sabia que, para se livrar da dor que o grão de areia lhe provocava, em virtude de suas aspereza, arestas e pontas, bastava envolvê-lo com uma substância lisa, brilhante e redonda. Assim, enquanto cantava seu canto triste, o seu corpo fazia o seu trabalho – por causa da dor que o grão de areia lhe causava. Um dia passou por ali um pescador com o seu barco. Lançou a sua rede e toda a colônia de ostras, inclusive a sofredora, foi pescada. O pescador se alegrou, levou-as para a sua casa e sua mulher fez uma deliciosa sopa de ostras. Deliciando-se com as ostras de repente seus dentes bateram numa objeto duro que estava dentro da ostra. Ele tomou-o em suas mãos e deu uma gargalhada de felicidade: era uma pérola, uma linda pérola. Apenas a ostra sofredora fizera uma pérola. Ele tomou a pérola e deu-a de presente para a sua esposa. Ela ficou muito feliz...” Ostra feliz não faz pérolas. Isso vale para as ostras e vale para nós, seres humanos. As pessoas que se imaginam felizes simplesmente se dedicam a gozar a vida. E fazem bem. Mas as pessoas que sofrem, elas têm de produzir pérolas para poder viver. Assim é a vida dos artistas, dos educadores, dos profetas. Sofrimento que faz pérola não precisa ser sofrimento físico. Raramente é sofrimento físico. Na maioria das vezes são dores na alma."


Rubem Alves

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Bons sonhos

A menina entrou madrugada à dentro pensando no pai que não teve, na história que não foi dela, na família a qual nunca pertenceu... de tanto pensar não havia espaço para o sono, nem tempo para tentar contar carneirinhos.

Aquela menininha de cabelo liso, num tom castanho claro encantador, deveria estar sonhando com bolas coloridas, sorvetes, bicicletas ou quem sabe como o cãozinho que sempre quis ter. Porém, se esqueceu de sonhar.

Será que se alguém pegasse em sua mão e corresse com ela para um parque de diversões, conseguiria ganhar um sorriso? Talvez nem precisasse tanto, um simples afago resolveria o problema, ela nunca foi de pedir muito.

Ainda bem que aquela mulher era a mãe da menina, ainda bem que aquela mãe foi para ela a melhor e mais perfeita família de todo universo... família de duas.

A menina sempre foi esperta, descobriu que um presente pode vir para comprar e não para presentear, e foi então que decidiu que nunca teria preço.

Mesmo sendo tão esperta não escapou de sofrer a ausência daquele pai idealizado, aquele que quase existiu um dia.

Vai dormir menininha, comece a sonhar porque você já está com trinta anos e merece ter bons sonhos.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Eu amo o YouTube!

Minha vida anda uma loucura, mas como este blog não é orfão e jamais ficará abandonado, vamos rir mais um pouco, só que desta vez sem nenhuma dublagem... rs

Show de horror, a "rainha dos baixinhos" era péssima... rs

sábado, 18 de setembro de 2010

"Não entendo terrorismo, falávamos de amizade.”

Tenho um mundo de lembranças rodopiado em mim. Um balé de dores e alegrias numa coreografia louca que conta uma história.

Tenho um mundo de lembranças rodopiando em mim. Tomo cuidado para não ficar tonta, não quero cair.

Um mundo de lembranças que me conta o quanto posso me enganar... que me conta, o quanto pode faltar verdade em algumas relações.

Sempre procuro ser correta com os que amo, dando a eles o meu melhor.

Com você não foi diferente, não sei se ainda se recorda o que me dizia, “brincando” com a letra da Legião Urbana, “me fez comida, velou meu sono, foi minha amiga e me levou com você”, e na sequência sempre vinha um abraço.

Além disso, te digo que cuidei, confiei, zelei, defendi, ajudei como pude e te trouxe pra dentro do meu coração, e não me arrependo, pois me arrepender significaria achar que fiz errado e não acho. Sou imperfeita sim, como qualquer outra pessoa... porém, intensa com os sentimentos em que acredito e isso não é novidade pra você.

Em alguns momentos tive a certeza de que tudo era recíproco, pois carrego em mim, uma estúpida sensação de que, o que faço pelo outro é pouco e o pouco que o outro faz por mim, é muito... coisas minhas.

Como música sempre fez parte de nossas vidas e Legião sempre falou muito conosco, termino este texto com um trecho de Sereníssima...

“O que ninguém percebe é o que todo mundo sabe.
Não entendo terrorismo, falávamos de amizade.”


Mesmo assim, desejo sorte e UMA BOA VIDA PRA VOCÊ.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

O maior amor do mundo!

Eles se encontraram sem a mínima pretensão de se amar, se conheceram, dividiram segredos e medos. Existia entre os dois muita afinidade, a amizade foi crescendo e o afeto também, tornaram-se inseparáveis.

Cada um com seu jeito, ele engraçado, cativante e batalhador... ela inteligente, meiga, carinhosa, e focada em seus objetivos.

Logo um sentimento forte acompanhado de um desejo quase sufocante de estar por perto se fez presente, telefonemas e conversas casuais já não saciavam o desejo de intervir positivamente um na vida do outro. Eles queriam se pertencer, queriam fazer o bem e ser parte da história... tudo aconteceu de maneira acelerada, parecia até um reencontro, talvez tenha sido.

Juntos tiveram muitas primeiras vezes... do primeiro porre à primeira noite de amor.

Um dia por uma aventura boba se perderam... houve mágoa, rancor, decepção... mas houve também amadurecimento, luta, arrependimento, saudade e a certeza de que carregavam no peito o maior amor do mundo.

E o maior amor do mundo, por incrível que pareça continua crescendo... cresce nos gestos, no cuidado, na forma que se olham. É bonito de se ver...

Presenciei a história bem de perto, cada detalhe, cada lágrima e cada sorriso.

Por culpa desses dois voltei a acreditar no amor... obrigada!

domingo, 12 de setembro de 2010

Seu lugar

Ela continua ali, modelo de filha, a “melhor” entre os sobrinhos e netos, a mais preocupada e responsável, apta a resolver todos os problemas do mundo.

Ela continua ali, amável e de riso fácil, mesmo que as preocupações, medos e decepções corroam, ou abafem sua fé, sua alegria.

Ela continua tentando não decepcionar ao mesmo tempo em que busca se encontrar.

Ela continua tentando ter fé no outro, aquele que um dia esteve tão perto... ao menos ela pensa que esteve.

Ela continua porque precisam dela, só nunca se deram conta que ela também precisa deles.

Não sei quem a convenceu disso, mas ela pensa que ali é seu lugar.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Escolhas

Escolhas... Há sempre duas portas... Muitas vezes escolhemos a certa e tantas outras erramos feio! Não dá para espiar antes de entrar.Podemos ficar estáticos e deixar que tudo se repita ou analisar, digerir nossos erros e fazer diferente. E fazer diferente não é sinônimo de acerto, mas sim de perseverança.

Virar a ampulheta e observar cada grão. O tempo passa rápido demais, hoje as estações não se definem mais. E as emoções então? Beiram ao caos!A cada obstáculo, mais força para seguir adiante e lutar pelo nosso espaço no mundo, espaço em nós mesmos. O chão gira e nem sequer percebemos, a vida passa e sequer acenamos... já foi... tchau.

Está na hora de tirar o peso das costas, antes que as consequências sejam irreversíveis e nossos sonhos parem na UTI.

Se ninguém quer te ouvir, tenha certeza: Você não quer falar. Gastrites, ansiedade, insatisfação, dúvidas, compulsão e dificuldade, tudo isso vem e explode com toda força contra seu peito. Estresse!!!

Está na hora de parar e sorrir! Leia um bom livro, olhe para o lado... ali estão as pessoas mais importantes de sua vida. Divirta-se, jogue a bolinha para o seu cão, faça uma bela caminhada no parque ou simplesmente pare, observe e aproveite tudo que conquistou. A vida tem pressa e a felicidade também.

"Sonho que se lembra é aquele que se acorda na metade. E o que foi até o fim, não é sonho. É realidade."
(Trechos retirados de um texto de R. Ortiz)

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Permitir-me

Hoje acordei diferente, um pouco triste e ao mesmo tempo com uma sensação de que ontem me permiti viver algo bom, porém doloroso.

Permitir-me neste caso, não significou conhecer novos lugares ou pessoas, nem buscar realização pessoal ou concretizar sonhos. Entrei em contato com algo que durante anos preferi deixar esquecido, abri minha “caixa de pandora”, encarei as piores coisas de minha vida, aquelas que machucam, as frustrações, as decepções, os medos, os traumas.

Resolvi começar a mexer e pensar sobre... lembranças e convicções que bateram de frente e estouraram contra meu peito, causando uma dor aguda e singular, mas necessária.

Não dá mais para me esconder de coisas que impedem que eu siga adiante. Quero crescer, quero parar de sorrir quando sinto vontade de chorar, mexer e remexer nos sentimentos, sair da zona de conforto, enfrentar e entender que todas estas experiências não me diminuem; pelo contrário, acabam me tornando forte demais.

Mas o problema é que também não quero ser sempre forte... quero chorar ao ponto de perder o fôlego e ficar de nariz vermelho, quero sentir a perda e elaborar os diversos lutos que tenho acumulado em minha vida.

Quero a possibilidade de verbalizar para alguém especial em quem confio, tudo que me faz tão mal, quais as minhas frustrações e indignações, as escolhas erradas que fiz e suas conseqüências.

Quero o direito de me arrepender e ter uma nova chance para acertar. Em contra partida, não quero mais dar milhares de chances, nem acreditar em pessoas que não conseguem valorizar ninguém e muito menos enxergam qualquer outra coisa além do próprio rabo.

Se possível quero acordar de olhos inchados, mas com o espírito leve e sem nenhuma vergonha do que não tive, do que não fui, do que não vivi e principalmente do que não foram para mim.

É isso!

O texto publicado no dia 05/09 fala de felicidade e o de hoje está um tanto quanto triste, mas fiquem tranqüilos porque não sou bipolar... rsrs

Existe uma música do Gram que diz "Quem inventou você fui eu, porém eu tenho que desinventar pro bem..."

Eu só preciso crescer e desinventar algumas pessoas... crescer dói e desinventar alguém também não é a coisa mais fácil do mundo.

domingo, 5 de setembro de 2010

Feliz!

Eu só posso agradecer a Deus por tudo e por todas as pessoas especiais com as quais, Ele me presenteou.

Fim de semana perfeito, noite maravilhosa e ainda restam dois dias pela frente... ai ai, leve e feliz!

sábado, 4 de setembro de 2010

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

"Sobriedade Social" (Republicando)


Estou republicando este texto porque hoje aconteceu algo libertador. Uma pessoa muito amada me ligou, pedindo algo e se eu atendesse ao pedido, estaria mais uma vez me sabotando. Por isso, eu disse educadamente NÃO.

Expliquei que aquilo que ela estava esperando acontecer, nunca foi o meu sonho... era o sonho de outra pessoa projetado em mim.
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"Sobriedade Social"

Por que muitas vezes assumimos personagens que não tem nada haver conosco? Por que simplesmente nos escondemos atrás de um jeitão engraçado e de sorrisos que não queremos realmente dar?

A insegurança de alguma forma nos faz sofrer mutações agressivas e o pior, é que nos acomodamos com isso. Não encarar nossos problemas, não nos aceitarmos, negligenciar nosso direito de escolha, viver de acordo com a “sobriedade social”...

Para sermos aceitos num mundo muitas vezes hostil fingimos ser quem não somos, camuflamos nossos defeitos, sentimentos, medos, escolhas, abrimos mão de nossos direitos e nos escondemos atrás de um sorriso largo ou de uma piada engraçada enquanto definhamos em nós mesmos. Talvez por medo de sermos julgados ou excluídos, pois a solidão é assustadora.

No fim, depois de perder nossa identidade é que nos damos conta do quanto nos anulamos com medo do julgamento de alguém que sequer sabemos o nome. É ai que percebemos que já estamos sozinhos porque escolhemos nos abandonar.

Não precisamos ser igual a ninguém, pessoas servem como exemplos, estão ali para serem admiradas ou não pelos seus atos.

As mudanças que farão parte de nossas vidas serão sempre bem vindas, desde que sejam de dentro para fora, que sejam para melhor, que sejam libertadoras, desde que estas mudanças tenham sido escolhidas e vividas por nós!

Ufa... É isso que tenho aprendido de um tempo pra cá.

Obrigada

A correria está tão grande que só me dei conta agora, alcançamos 2016 visitas!