Ela descobriu que a magia está ligada a ilusão, um mundo de
faz de conta perfeito para brincar, fantasiar e viver uma realidade paralela...
mas realidades paralelas acabam, ela não é mais criança para investir num faz
de conta. Faz tempo que descobriu, sapos não viram príncipes, nenhuma abóbora
vira carruagem, não existem sapatinho de cristal, muito menos fada madrinha.
O mundo real está aí, ele é complicado, muitas vezes
tortuoso e por isso nem todos conseguem se manter sóbrios. É muito mais fácil
fingir que a falta de atenção, carinho e cuidado vem do outro por ele estar
ocupado demais, é quase um conforto dizer que o desamor aconteceu por nossa
culpa, é melhor pensar que erramos em algum momento e por isso aquela pessoa
que te dizia querer passar o resto da vida ao seu lado, no fim das contas,
mudou de idéia. Não encarar o que de
fato acontece nos faz mergulhar em nossa própria dor e se afogar nela, muitas
vezes morremos em vida por não sermos capazes de pedir ajuda, de enxergar que a
culpa não é só nossa, de acreditar nos dedos que apontam em nossa direção.
Do que adianta viver uma história cheia de particularidades?
É bacana, mas melhor do que dizer “Isso nunca me aconteceu antes!” é poder
dizer “Caramba, mesmo com tantas mancadas você escolheu ficar...”
Depois de passar por um período muito complicado e dosar questionamentos,
erros, culpas, desamores, dores, acertos, passado, presente e futuro, ela está entendendo que a vida pode ser muito
melhor do que o sonho que criou. Sonhou baixo, sonhou com o que era possível e
romper a barreira do possível significa lutar por mais, lutar pelo que se
merece, saber do seu valor e não deixar que nada abale isso.